Motivos para cuidar da saúde bucal de crianças com autismo
As alterações sensoriais próprias do transtorno torna a saúde bucal das crianças com autismo um verdadeiro desafio. O desconforto ao toque do adulto no rosto, a sensibilidade à escova, a dificuldade em manter a boca aberta e a cuspir muitas vezes acabam desanimando o responsável.
No entanto, tão importante quanto a higiene pessoal, a saúde bucal também melhora a qualidade de vida da criança com autismo.
Veja como porque o cuidado com os dentes deve ser uma das prioridades e como o plano odontológico pode ajudar no bem-estar de quem tem autismo.
Por que a saúde bucal é tão importante nas crianças com autismo
Por causa da dificuldade em fazer a higiene bucal sem ajuda, da pouca cooperação com a tarefa e pelo conjunto de inabilidades comportamentais de uma forma geral, é muito comum encontrar alto índice de placa bacteriana nas crianças com autismo.
É justamente a placa bacteriana a causa mais frequente de gengivites e cárie. Assim, quando o tratamento odontológico é inadequado ou inexistente pode haver evolução para dores e necessidade de extração dos dentes.
Por outro lado, crianças autistas frequentemente têm dieta rica em carboidratos, como açúcar e seus derivados. Há ainda a ingestão de medicamentos com efeitos colaterais desfavoráveis.
Um deles costuma ser a redução da saliva, prejudicando a auto-limpeza dos dentes e favorecendo o surgimento das cáries. A boa salivação é fundamental para evitar a produção de ácidos pelas bactérias que dão início ao processo da cárie.
Assim, esses problemas acabam acarretando em outros, como maior irritabilidade e mais resistência à alimentação por causa da dor. Dessa forma, forma-se um círculo vicioso. Os sintomas parecem se agravar e a tendência da família da criança com autismo é focar na doença em si.
Dessa forma, os cuidados com os dentes acabam secundarizados em prol das terapias de desenvolvimento social e cognitivo.
Use o plano odontológico para encontrar dentistas especializados
Apesar das dificuldades, as crianças com autismo devem manter a mesma rotina de consultas ao dentista do que as demais. Muita gente não sabe, mas há profissionais especializados, ainda que poucos – e que constam das redes credenciadas dos planos odontológicos.
Hoje o Conselho Federal de Odontologia reconhece 22 especialidades, entre elas a odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais. A modalidade inclui pessoas que precisam de qualquer alteração no tratamento odontológico tradicional, seja uma gestante, idoso, diabético ou autista.
Como a especialidade não tem uma nomenclatura específica, é possível que muitos responsáveis achem que ela não conste no plano odontológico.
Por outro lado, qualquer dentista compreende a criança com autismo como pacientes especiais que também precisam ser inseridos em programas de educação e prevenção em saúde bucal.
Dicas que podem ajudar em casa
A participação dos pais é fundamental para a saúde bucal, que influencia diretamente a qualidade de vida. Por isso, além das visitas ao dentista, é muito importante manter os cuidados em casa.
Duas pequenas dicas podem fazer uma grande diferença na hora da escovação. As crianças com autismo têm desconforto e até aversão ao toque e à mão do adulto próxima ao rosto. Uma escova com cabeça pequena e cabo longo pode facilitar bastante a hora da higiene bucal.
Por outro lado, a dificuldade em cuspir é outro obstáculo para a escovação. Por isso, cremes dentais sem gosto devem ser evitados. Eles estimulam a ingestão. Procure utilizar dentifrícios comuns, com flúor, para que o sabor forte incentive a criança a cuspir.
Pequenas atitudes são grandes atos de amor. Cuidar da saúde bucal da criança com autismo é ajudá-la a ter mais qualidade de vida.
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